Em 2008, o presidente angolano prometeu aos angolanos a construção de 1 milhão de casas até 2012. Foi sem dúvida uma das promessas que ajudou o seu partido a vencer as eleições legislativas do mesmo ano. Recordemos:
A construção de um milhão de casas para as classes menos favorecidas de Angola e jovens é uma das promessas da recente campanha eleitoral mais enfatizadas pelo Presidente da República de Angola e do MPLA, partido que governa o país há 33 anos.
José Eduardo dos Santos admite que “não será um exercício fácil”, tendo em conta que o preço médio destas casas, informou, está calculado em cerca de 50 mil dólares, mas que o aceita, assegurando que “já se está a trabalhar” nesse sentido.
O recém-terminado Projecto Kilamba é sem dúvida o grande exemplo da vontade do governo em construir casas socias para a população carente. Porém, não passa de mais um exemplo de como o consulado de JES defrauda os angolanos. Nesta pequena cronologia, explicaremos como e porquê.
2007
Criada a Delta Imobiliária, empresa à qual mais tarde se atribui a responsabilidade exclusiva das vendas dos apartamentos do Kilamba (o que é que isso tem haver com o resto? Já chegamos lá.)
2008
Agosto - Formalmente inaugurada a construção do Projecto Kilamba, a cargo da empresa Chinesa CITIC. É previsto albergar 350 mil habitantes em 80 mil habitações sociais.
Setembro - JES promete aos angolanos a construção de 1 milhão de casas até 2012. Preço médio das casas é establecido como sendo até aos $60 mil.
2009
Abril - Perante “deputados, arquitectos, representantes de empresas estrangeiras de construção, banqueiros, líderes do poder local e membros da sociedade civil, o presidente José Eduardo dos Santos falou do desafio de garantir habitação aos angolanos.” JES reafirma assim a construção de 1 milhão de casas.
2010
Março - Em destaque no Jornal de Angola e retomado pelo Angonotícias: ”Milhares de casas sociais erguidas no Kilamba Kiaxi“.
Abril – Anunciado que projecto beneficiará 120 mil pessoas; Ministro José Ferreira anuncia que “…os imóveis se destinam essencialmente a funcionários públicos…e possuiem um elevado número de serviços sociais básicos integrados que permitirão aos beneficiários viver numa zona com condições propícias de habitabilidade, escusando-se de deslocar ao centro de Luanda.”
2011
Julho - O Projecto Kilamba é inaugurado com pompa e circunstância e na presença da malta do costume. Durante o acto de inaguração JES afrima:
É o maior projecto habitacional jamais construído em Angola e constitui, à escala global, um profundo exemplo da política social levada a cabo no país para resolver o défice habitacional.
O preço das casas continua no segredos dos deuses e até ao fim do mês é desconhecido.
Agosto – Anunciado os preços das casas “sociais” do Kilamba. Os preços variam, incrívelmente, entre $125 a $200 mil. Ou seja, um preço totalmente inconcebível para uma casa social que era suposto custar até aos $60 mil. A venda dos apartamentos é da exclusiva responsabilidade da Delta Imobiliária.
Na grande confusão que se segue à abertura do processo de vendas, o profundo descontentamento popular perante a realidade dos preços vem à tona.
Setembro – O conhecido jornalista e activista Rafael Marques lança mais um bombástico e verídico relatório que, entre outras graves denúncias, revela que os donos da Delta Imobiliária são nada mais nada menos que Manuel Vicente, o general Manuel Hélder Vieira Dias “Kopelipa” e o general Leopoldino Fragoso do Nascimento, todos funcionários do Estado. Ou seja, é um mais um esquema corrupto envolvento os brincalhões de sempre.
E foi assim que o “Executivo” angolano defraudou milhares de cidadãos angolanos que tinham depositado os seus sonhos e as suas esperanças na aquisição de uma casa no Projecto Kilamba. Que funcionário público pode adquirir uma casa de $120 mil? Com base em que salário?! De “sociais” as casas não têm absolutamente nada, e ainda por cima, as suas vendas beneficiam certos funcionários do Estado que têm as suas mãos corruptas em TUDO.
Neste sábado passado a Voz de Améria realizou um pequeno debate com dois economistas consagrados da nossa praça: o Carlos Rosado de Carvalho e o Filomeno Vieira Lopes. É de audição OBRIGATÓRIA:
Crédito à habitação não vai contemplar todos os angolanos
O problema é o mesmo do da China. Apresentar um PIB mais elevado.
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