O direito à greve é um dos direitos mais fundamentais numa democracia. Que o digam os franceses. Porém, temos notado uma crescente incidência de greves em Angola, invariávelmente envolvendo trabalhadores da função pública. Se por um lado o governo angolano gaba-se dos rios de dinheiro que recebe da sua economia vibrante, investindo-o à torta e a direita em bancos falidos portugueses ou depositando-o no famoso saco azul para o benefício dos suspeitos do costume, por outro o salário da função pública angolana continua miserável. O que nada dignifica o trabalhador que, face aos enormes custos de vida no país, já nem sequer deve viver só do salário. E com certeza que nem vê de binóculos a possibilidade de adquirir uma tal ‘casa social‘ prometida pelo estado…
“No tempo que a Teixeira Duarte subia as pontes, a função pública reclamava salários”, cantou o MCK no disco Trincheira de Ideias, em 2002. Parece que de lá pra cá, e não obstante o crescimento ‘brutal’ do PIB e da economia, pouca coisa mudou…
Seguem então algumas greves protagonizadas por trabalhadores angolanos da função pública só no último ano:
Greve na EPAL – termina com acordo
Greve no sector de saúde em Cabinda; regime responde com prisão do delegado da greve no hospital
Greve dos bombeiros; regime responde com prisão dos bombeiros. Estão presos até hoje.
Greve na empresa Angola Telecom; hoje é anunciado que a empresa foi à falência. Recordamos que a sua irmã Movicel foi ‘privatizada’ recentemente e os compradores foram…adivinhem.
Greve no Caminho de Ferro de Benguela
Greve dos mineiros de Lukapa (2 anos (!!) de salários em atraso)