Perante o medo, a cultura não floresce.
Perante o medo, a luz da cultura apaga-se
Afogada, abafada, asfixiada.
A cultura perante o medo não respira,
Sucumbe, esmorece e morre.
É subjugada pelo medo,
Torna-se a cultura do medo.
Perante o medo a cultura é demolida,
Como o Teatro do Elinga, aquele templo cheio de vida
Para dar espaço a um parque de estacionamento.
Um teatro vibrante, extremamente nosso,
Dá lugar a um monstro de betão, de coração
vazio.
A cultura do medo extingue vozes críticas
repletas de talento
E substitui-as com gritos e disparates barulhentos.
A cultura do medo suprime um Kapa,
Que lá fora é capa de revista internacional,
Para promover um thcilo
repugnante e nojento.
Estamos sempre a subir, ao contrário.
A cultura do medo proíbe que irmãos apreciem um festival juntos
porque pertencem a formações políticas diferentes.
O medo da cultura torna-a escrava do medo,
Destruindo-lhe.
A cultura do medo promove o lixo,
em detrimento do que é corajoso mas incómodo,
Real e verdadeiro.
A cultura do medo corrói a sociedade,
Porque não há sociedade sem cultura,
E não há cultura
no medo.
Perante o medo, a cultura não floresce.
Perante o medo, a luz da cultura apaga-se
Afogada, abafada, asfixiada.
A cultura perante o medo não respira,
Sucumbe, esmorece e morre.
Torna-se
A cultura do medo.