É muito comum ouvir estas duas palavras em Luanda. “A oposição…” A oposição isto ou aquilo. A oposição não faz. A oposição é muda. A oposição não actua. E por aí em diante. Até Bento Kangamba, cujos “operativos” foram apanhados em flagrante com caixas de dinheiro não se sabe bem de onde , quis atribuir culpas à oposição.
CHEGA.
Temos o conceito errado de “oposição”. Depositamos nela todas as esperanças, esquecendo que o termo “oposição”, quando usado para descrever uma (ou várias) formação politica, é passageiro e não permanente. Hoje o PRS, a CASA e a UNITA são oposição mas amanhã pode ser o próprio MPLA.
Atribuímos a oposição muitas responsabilidades. Atribuímos a ela todas as nossas frustrações e expectativas, fruto de vivermos num país com as nossas ‘particularidades’. Num país como o nosso, em que o partido no poder tem um controlo ‘Orwelliano’ sobre todas as esferas das nossas vidas, um partido que controla todo o aparelho da comunicação social e o usa para fazer propaganda aberta, a oposição de hoje tem muito pouco espaço para manobra. Não pode actuar como deve ser. Não pode ter a devida expressão.
Que oposição podemos ter, se o próprio partido no poder, nas vestes do seu presidente parlamentar, proibiu a oposição de fiscalizar os actos do executivo?!
Que oposição podemos ter, se recentemente governo provincial do Uíge proibiu alguns deputados de uma das forças parlamentares de exercer a sua actividade de fiscalização?
Portanto, cabe a nós, cidadãos, sermos a “oposição”.
Cabe a nós fiscalizar os actos do executivo. Cabe a nós criticar. Cabe a nós buscar soluções e consensos. Cabe a nós sermos realmente cidadãos participativos.
Um país constrói-se com a participação activa de todos. Chega de chamar pela INADEC – já vimos que eles não fazem nada. Chega de clamar pela oposição – já vimos que muitos deles estão mais interessados no cargo e no BMW que receberão do Estado, pago por nós. Chega de dizer “isto é Angola”.
Temos que começar a denunciar, a exigir, a participar, a trabalhar e a construir.
Sejamos cidadãos.
-Cláudio C. Silva
“Don’t tell me what I can and can’t do…I can change the world…if I don’t say something then nothing will be said, if I don’t do something then nothing will be done” cantaram Just a Band, do Quénia.
Engracado,parce mentira mas eu tbm penso exactamente desta maneira…Temos q parar de procurar culpados pros nossos fracassos e frustracoes.e mto mais cnfortavel pra nos sair por ai imputando a culpa aos outros.as coisas so vao comecar a mudar qndo nos tomarmos o comando,qndo nos metermos na posicao de culpados pelo pais do jeito q ta,a partir dai cmecaremos a trabalhar pra identificar os problemas,as causas e depois arquitectar as solucoes mais sabias pra o bem de todos os angolanos.Ja dizia um grande pensador-CADA POVO TEM O GOVERNO Q MERECE.a primeira vista isso vai parecer disparate,mas se for a analisar verao q faz tdo sentido,prq qndo o povo ta unido e levanta-se nenhuma entidade do governo ou o governo cmo um todo fica em pe.
Mano Claudio, subscrevo cada vírgula, cada acento, cada espaço, cada linha, cada palavra. Grande texto!
CHEGA!!! Temos que começar a denunciar, a exigir, a participar, a trabalhar e a construir
A incapacidade de se opor não retira a ninguém que o seja da condição de oposição e alguma dela prevejo que terá o mesmo destino de oposição eterna, outras desaparecerão naturalmente por esgotamento da representação das cidadãs e cidadãos.
Tenho a esperança que algum dia emirja da sociedade a oposição adequada que a situação está a convocar, como será e como actuará não me compete definir. Se for adequada ao alcance dos fins da sociedade é porque a sua orgânica e forma de agir é a que resulta.
Uma oposição de estrelas, antigas ou recentes, brilhará mais democraticamente quando não tiver a pretensão de ser guia iluminada que paira sobre a sociedade e se colocar como o suporte da realização da vontade política das e dos cidadãos. Esse não tem sido o papel representado nem pela oposição histórica, que também tem sido exclusivista, nem pela miriade de cidadãos activistas actuais (definam-se ou não como revus) que sem o querem ou não, têm a mesma ADN que os seus antecessores mais remotos, como revela e bem a ânsia de protagonismo pessoal de novas estrelas em lugar da acção estruturada e estruturante de oposição subordinada a normas de organização que possam estabelecer movimento com abrangência nacional.
Quem conhece a nossa história política recente (últimos 40-50 anos) não encontra diferenças fundamentais entre os activistas da época da luta anti colonial e os activistas desta época de luta anti ditadura do chefão JES. Devemos todos olhar para nós mesmos para nos percebermos também pela comparação com os outros, talvez assim possamos descobrir o que é que reproduzimos em matéria do que dizemos combater. No que me diz respeito estou a fazer esse exercício que recomendo a todos da e ou na oposição ainda que individualmente exercida.