Lamentavelmente, a ditadura atingiu o extremo. Como é possível ser barrado um cortejo fúnebre sob a ameaça da polícia de intervenção rápida (PIR), helicópteros, cavalos, viaturas para lançamento de água quente e gás lacrimogénio?
Agentes da PIR lançaram gás lacrimogéneo contra os acompanhantes de Hilbert de Carvalho Ganga. Até os polícias normais fugiram e outros se protegeram do gás. Quase 45 minutos parados em frente à paragem do Jumbo com mais de duas mil pessoas à espera de uma decisão para continuar o trajecto em marcha com destino ao cemitério Santa Ana.
Mas lá no Santa Ana já estavam presentes largas centenas de pessoas, entre elas altos dirigentes da UNITA e do Bloco Democrático. Mesmo no cemitério os helicópteros da policia estavam presentes sobrevoando permanentemente em círculo com atiradores especiais armados.
A imprensa estrangeira e nacional cobria o acontecimento, mas a televisão do regime, a TPA, foi expulsa pelos acompanhantes de Hilbert Ganga. Se a policia ordenou que as pessoas fossem de autocarro até ao cemitério Santa Ana, só uns subiram mas a maioria preferiu mesmo marchar com os slogans ‘Zé Dú ASSASSINO’, ‘QUEM MATOU? MPLA ASSASSINO’, ‘EXIGIMOS JUSTIÇA’.
O líder da CASA- CE Abel Chivukuvuku, marchou mesmo até ao Santa Ana, e durante o discurso fúnebre, o politico garantiu apoio institucional e pessoal ao filho de 2 anos do malogrado, Hilbert Carvalho Ganga de 32 anos de idade, natural de Luanda, engenheiro civil, professor, membro do conselho nacional deliberativo da CASA-CE, e que deixa um filho órfão e uma noiva.
Por Telmo Vaz Pereira
Já nada espanta, não é?