
Francisco Gomes Mapanda, “Dago Nível Intelecto”
14 – 06 – 2016
De um tempo a esta parte temos vivido tempos ou momentos de amargura no que concerne a alimentação aqui na Cadeia de Viana e em particular no Bloco D.
O que se passa é que as refeições passaram de más a lastimáveis porque os reclusos passaram a alimentar-se de pão seco ao matabicho e arroz branco mal cozinhado ao almoço, sendo ao jantar obrigados a comer arroz misturado com feijão também sem a devida condição para alimentar seres humanos como tal.
Face a essa situação não se vêem reclamações de concreto por parte dos reclusos e nem uma explicação básica dos Serviços Prisionais sobre o que realmente se passa. Admira-me a submissão dos reclusos e o silêncio da direcção da cadeia, mas em surdina diz-se que a penitenciária está sem logística de bens alimentícios e sem dinheiro para proporcionar alimentação condigna aos presos.
O que temos visto porém é que os meios que propiciam alimentação aos presos são desviados pelos responsáveis da área da logística e não só, prejudicando assim os reclusos.
Outro grande problema é a falta de água que não corre nas torneiras das casernas, obrigando os reclusos a acarretá-la no pátio geral do bloco, o que os leva a percorrer grandes distâncias com bidons na cabeça e empurrando barris até às respectivas casernas.
O mais caricato é que essa água é imprópria para beber e às vezes deixa comichão depois de ser usada para o banho, originando algumas infecções cutâneas em peles mais sensíveis.
A direcção da cadeia alega que a bomba de água está avariada e por isso não tem saído água nas torneiras das casernas, mas isso já caminha para mais de um mês, o que denota falta de interesse dos SP em solucionar esse caso, deixando mais uma vez prejudicados os reclusos.
OBS (03-07-2016): Nos últimos dias aprofundei mais sobre o porquê do arroz branco no almoço e pão simples ao matabicho. Cheguei a constatar que tem havido desvio de latarias de carninha, sardinha e leite por parte dos cozinheiros e logísticos que automaticamente as têm vendido a reclusos, 2 latas 500 Kwanzas (também levam para casa). As latarias são depositadas na caserna A6, a caserna dos estrangeiros, e de lá são despachadas para os clientes interessados nas restantes casernas. O intermediário é um recluso conhecido como Muluba, um daqueles em excesso de prisão preventiva.
Dago
Como é possível isto acontecer?!
O desvio (corrupção) dos bens destinados aos reclusos, pode vir a provocar graves doenças e até mortes, pelo tipo de alimentação precária deles.
Neste momento, Dago, até já não devia estar na prisão, porque na verdade o crime que ele cometeu foi dizer a verdade.
No final, os grande problemas sociais que a população sente cá fora, são os mesmos que os reclusos sentem lá dentro, apenas com uma diferença, não podem estar junto da sua família e amigos.
Especialmente para o Dago, envio um kandandu dos nossos, bem apertado.