Todos os dias ouvimos histórias do relacionamento complicado entre o cidadão e as autoridades: polícias gasoseiros que se escudam no seu pretenso poder para intimidar e extorquir o modesto cidadão (sim, porque os tubarões e os VX não mandam eles parar), fiscais que batem com objetos contundentes em mulheres zungueiras com bebés nas costas, juízes que condenam à prisão o ladrão de galinhas muitas vezes sem provas, enfim, um sem número de atropelos e arbitrariedades das quais passámos a ter provas com o advento da tecnologia acessível à qualquer um. Hoje todos têm câmaras nos telemóveis e uma conta no facebook o que foi quanto bastou para demitir toda uma equipe de responsáveis dos serviços prisionais da Comarca de Viana.
Para mantermos algum tipo de esperança, esforçamo-nos por acreditar que estes péssimos servidores públicos constituem uma minoria sem escrúpulos que suja a reputação das instituições que representam, e comprometem o esforço árduo dos restantes, os bem-intencionados e mal-aventurados, que acabam por carregar o estigma da ineficiência, da incompetência, da prepotência que não criaram. Só que não, não é possível continuar a fantasiar. Se estes fossem a maioria já teriam encontrado forma de minimizar a situação, de inverter a imagem conspurcada que têm hoje, não aceitariam estar conotados com algo de tão imundo, de tão criminoso.
Temos 3 depoimentos para vos apresentar. Hoje partilhamos convosco o primeiro, o de Felisberto Holua, agredido pela gangue da PNA na via pública, em frente (e depois dentro) da esquadra. Tudo porque ousou exigir que o respeitassem e o tratassem com a dignidade que todo o ser humano merece, sobretudo vindo de gente que enverga um uniforme republicano.
Oiçam o que tem para contar.